Em viagem ao Japão, Ana Hikari divide experiência ao lado de mo…

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Em conversa com a Glamour, atriz conta que ficou 21 dias no país e divide dicas nada óbvias

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Ana Hikari no Japão Bruna Cominetti
Ana no vilarejo de Saiko Iyashino — Foto: Bruna Cominetti
A primeira vez de Ana Hikari no Japão foi aos quatros anos. A atriz ficou dois meses no país porque seu pai havia conseguido uma bolsa de estudos. De volta ao Brasil, nunca mais teve oportunidade de voltar ao destino asiático — até que, recentemente, decidiu se reconectar com suas raízes e fazer uma imersão no Japão. Ao lado do namorado, o chef uruguaio Facundo Connio, Ana passou por cidades como Tóquio, Nara, Fukui, Eiheiji, Fuji, Fujikawaguchiko, Osaka, Kobe, Kanazawa, Takayama, Tateyama e Kurobe. "É um país totalmente surpreendente, incrível e lindo! Estou muito impressionada com a forma que eles organizam tudo. E tenho compreendido que muitas coisas que me pertencem realmente têm relação com a minha origem. Foi uma experiência apaixonante", diz, em bate papo com a Glamour.
A ideia de Ana era percorrer lugares fora do óbvio e ter vivências autênticas. A atriz chegou a dormir num templo budista e participou de um ritual na companhia de monges. "Foi um jeito lindo de chegar no Japão, porque vim de um lugar super agitado (estava no Rock in Rio no domingo anterior, na segunda em São Paulo, na terça em Nova York e na quinta cheguei no Japão). Consegui me conectar com a tradição e o silêncio, o verdadeiro significado do Zen", diz.
Outro destaque da viagem foi ter feito um curso para aprender a confeccionar a sua própria faca, na cidade de Takefu. Quem participou do workshop foi o namorado de Ana. "O curso durou seis horas e ele executou todas as etapas de fabricação da faca: aquecimento, molde, afiação, inserção de cabo, gravação do nome dele... Essa cidade tem uma forte tradição de artesãos de facas e eles foram expulsos da região central por conta do ruído e do cheiro das fábricas. O jeito foi se juntar e criar essa associação que dá os cursos", explica.
Ana e o namorado Facundo — Foto: Reprodução/Instagram
Juntos há pouco mais de dois anos, Ana e Facundo vivem um namoro na ponte aérea, já que ele mora no Uruguai. "É uma relação a distância e vamos encaixando as agendas. A gente consegue se ver pelo menos duas vezes por mês. É ótimo, porque temos espaço para o nosso amor, mas somos muito dedicados aos nossos trabalhos e temos tempo pra isso", diz.
Durante a viagem, foi Facundo quem apresentou alguns costumes locais. "Não conhecia nada ali no Japão de fato. Ele me ensinou muita coisa. Por trabalhar com frutos do mar e entender muito de culinária asiática, ele sabe todos os cortes de peixes, os tipos diferentes, os mariscos, pratos típicos de diferentes regiões, etc. Em todos os restaurantes que fomos, Facundo escolhia as comidas e me explicava sobre como ela era feita. Ele inclusive sabia mais frases em japonês do que eu", entrega.
Depois de 21 dias no Japão, Ana afirma que mudou seus pensamentos em relação ao país. "Minhas lembranças eram de não gostar tanto de lá. Historicamente é importante lembrar que é um país com um passado de imperialismo e opressão no leste asiático. Mas acredito muito que é possível aproveitar o melhor que essa viagem me ofereceu, sem esquecer e desrespeitar todas as críticas que tenho a esse passado histórico", ressalta.
Ela ainda completa: "Ao voltar para lá consegui entender coisas muito contraditórias, porque no Brasil me sinto o tempo inteiro não pertencente, por todo o processo discriminatório que acontece com qualquer pessoa não branca. E no Japão, também me sentia não pertencente, porque sempre me lembrava o quão diferente sou daquelas pessoas. Por outro lado, percebi que parte daquilo era, sim, meu e já estava de alguma forma dentro de mim. Foi uma sensação contraditória de não pertencimento e ao mesmo tempo de identificação", avalia.
Ana percorreu várias cidades — Foto: Divulgação

Novo trabalho

Após a novela "Família É Tudo", Ana pode ser vista na comédia "Body by Beth", que estreou recentemente na TNT e na Max. "A Lu (personagem) é uma personal trainer jovem e cheia de sonhos. Ela banca uma vida fitness na internet, cheia de conselhos para o seu público, mas não faz nada do que recomenda. Ela trabalha na academia da Beth (Marisa Orth) e é uma grande admiradora dela. Ter a oportunidade de trabalhar com a Marisa foi um grande presente. Ficava no set de gravação babando por ela, tentando absorver cada trejeito, até para brincar com isso na minha personagem", conta, empolgada. Além da série, Ana comanda o podcast "Clube do Erro" com as amigas, Agnes Brichta e Nina Tomsic, e, no dia 22 de novembro, estreia a série "Amor da minha Vida", na Disney+.

5 dicas para a sua viagem ao Japão, por Ana Hikari:

1 - Durma no templo Gyokuzoin, em Heguri

"Fui recebida no check in pelos monges anotando meus desejos em um papel e em uma madeira (soegomagi). Às 18h30, depois do jantar, fizemos o banho de onsen (o banho japonês com águas quentes). Dormimos por volta de 21h30 e acordamos às 4h30 para o ritual do fogo (Goma Prayer), onde eles queimam as madeiras com nossos pedidos. Foi um jeito lindo de chegar no Japão, porque vim de um lugar super agitado (estava no Rock in Rio no domingo anterior, na segunda em São Paulo, na terça em Nova York e na quinta cheguei no Japão) e consegui me conectar com a tradição e o silêncio, o verdadeiro significado do Zen", diz.
Ana Hikari dormiu num templo — Foto: Divulgação

2 - Visite o Eiheiji, o "Templo da Paz Eterna"

"Em Fukui, passei o dia no templo Eiheiji. A ideia era meditar e dormir lá, mas não havia mais vaga. Organizem as reservas das experiências com antecedência, pois muita coisa esgota assim que abrem as vagas", alerta. Ainda assim, Ana diz que vale a visita. "É um templo de 1244 que tem mais de 70 edifícios, todos conectados por corredores lindos que misturam a arquitetura dos templos budistas com muita vegetação. É deslumbrante mesmo. O mais legal é ver como uma construção tão grande pode estar ali no meio na natureza e não parecer uma intervenção incorreta. Parece que está em simbiose e respeito com o espaço natural", afirma.
Ana no vilarejo Saiko Iyashino — Foto: Bruna Cominetti
"Por ser um destino desconhecido, vi poucos turistas estrangeiros lá. Consequentemente, o local é muito silencioso, o que é algo muito bonito e importante de se preservar quando se está turistando no Japão. Minhas amigas brincaram que estava com uma voz diferente no Japão, mas é que simplesmente gravava os stories tentando falar o mais baixo possível quando estava em locais públicos, porque eles prezam muito pelo silêncio em vários locais, como templos, transportes públicos etc", conclui.

3 - Participe de um curso de facas

"Meu namorado, que é chef especializado em frutos do mar, participou do curso. Em seis horas, ele executou todas as etapas de fabricação da faca: aquecimento, molde, afiação, inserção de cabo, gravação do nome dele... Essa cidade tem uma forte tradição de artesãos de facas e eles foram expulsos da região central por conta do ruído e do cheiro das fábricas. O jeito foi se juntar e criar essa associação que dá os cursos. ", explica.

4 - Experimente a gastronomia de cada cidade

"A minha grande dica é: pesquise qual é o prato específico de cada região e vá comer num lugar que tenha uma boa nota no Google. Qualquer lugar que você entra a comida é boa, porque eles são excelentes nos serviços. O mais legal é você poder comer o prato tradicional no lugar que você está, por exemplo, comer hotudon na região de Fuji, kobe beef, em Kobe, noto beef, na região de Kanazawa, hida beef, em Takayama, mochi em Nakatanidou.... Enfim, são infinitas opções, cada região tem sua especialidade, seu prato principal, seus docinhos típicos e vale a pena provar no local que eles são tradicionais!", fala.
Ana sugere que o turista experimente a comida de cada cidade — Foto: Reprodução/Instagram

5 - Observe a cultura local

"O que mais me surpreendeu foi ver na prática algumas filosofias que fazem parte da cultura. Por exemplo, existe a expressão Omotenashi, que é pensar em toda necessidade que o cliente pode ter, antes que ele precise. Percebi isso nos detalhes mais simples, como o fato de todos os banheiros terem sempre papel higiênico extra posicionado de forma estratégica para quando acabar um rolo, você facilmente poder empurrar outro pro lugar. Ou então a ideia do Gambate, de executar as coisas da melhor forma possível. Via isso sendo aplicado diariamente na forma como os atendimentos eram feitos, todos sempre muito dedicados e atenciosos. Mas o mais surpreendente foi perceber o quanto as cidades são higiênicas e organizadas, desde tirar os sapatos na entrada dos quartos do hotel - eles sempre oferecerem sapatinhos para caminhar no quarto - até dar pijama, para ninguém dormir com roupa de rua na cama. Genial", diz.
A atriz se surpreendeu com a gentileza e educação dos japoneses — Foto: Divulgação
Ensinamentos trazidos na bagagem? "Trago muito esse desejo de respeitar o próximo cada vez mais, porque vi isso diariamente nos costumes das pessoas e só reforçou o que penso sobre ser gentil sem buscar nada em troca. Quantas vezes pedimos uma informação ou uma ajuda e, mesmo sem o inglês fluente, a pessoa literalmente nos pegava pela mão e nos acompanhava até outro local para nos auxiliar."
Styling: Lari Benevenuto
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